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  • Foto do escritorLúmen

CADEIRA DE RODAS MOTORIZADA PARA CRIANÇAS

Atualizado: 2 de abr. de 2021


“É posição da RESNA que a idade, a visão ou cognição limitada , problemas comportamentais, a capacidade de andar ou impulsionar uma cadeira de rodas manual por curta distâncias não devem, em si mesmas, serem consideradas como fatores discriminatórios impedindo o uso de cadeiras motorizadas por crianças. A RESNA recomenda o início da utilização de mobilidade motorizada o mais precoce possível como aspecto medicamente necessário para promover o desenvolvimento psicossocial, reduzir as dificuldades de aprendizagem, facilitar a inclusão social e educacional e promover a independência.”


ASSISTA AO NOSSO VÍDEO:





A falta de mobilidade prejudica a capacidade da criança de explorar o ambiente, se envolver com o brincar e socializar. Isso resulta em complicações no processo de inclusão e promove comportamentos mais solitários. Proporcionar esta mobilidade de forma manual, muitas vezes, pode tirar a concentração da criança para determinada tarefa, tornar seu gasto de energia direcionado à mobilidade e prejudicar sua interação na atividade, quando este ainda não é de forma passiva. Dependência de adultos ou assistência do cuidador à mobilidade é uma barreira direta à participação do sujeito.


Participação em atividades apropriadas à idade pode ser alcançada através de uma variedade de alternativas de mobilidade e dispositivos assistivos, dependendo do ambiente ou da atividade em que a criança está inserida. A mobilidade independente e eficiente facilita a exploração ambiental e leva ao desenvolvimento e amadurecimento, segundo uma maioria das evidências de pesquisa que apoiam o uso da cadeira de rodas motorizada (CRM) por crianças e sugere-se um impacto positivo nas funções do corpo, sono e vigília, afeto e motivação, resultando em ganhos na comunicação, participação e habilidades lúdicas.


É importante que se pense no meio ambiente e suas barreiras, priorizando a segurança e eficiência na escolha, levando em consideração cadeiras de rodas inteligentes (com sensores de colisão ou recursos de feedback de voz). É interessante que as crianças usuárias de CRM sejam incentivadas a direção, mas alertadas quanto a atenção à segurança e que haja supervisão de adulto levando em consideração o instinto curioso da criança e muitas vezes a não compreensão de perigo associado a uma tarefa.


É fundamental programar a cadeira de rodas para responder aos movimentos da criança, evitando uma resposta assustadora. Se a cadeira responder rapidamente, pode assustar a criança. Se responder muito lentamente, a criança pode não desenvolver a causa e o efeito de mover o joystick ou acionar um interruptor. É comum o treinamento de crianças em ambientes calmos e familiares, diminuindo as distrações.


Segundo RESNA, sessões de 15 minutos a duas horas podem ser apropriadas, com base

nas necessidades de uma criança.


A mobilidade deve ter caráter de atividade física?


Segundo RESNA, para que a mobilidade seja funcional, ela deve ser eficiente e não deve ser confundida com exercício. As crianças com deficiência, assim como seus pares, precisam de exercícios cardiovasculares e também podem se beneficiar do treinamento de força. O exercício por definição é cansativo, razão pela qual a população em geral não usa sua mobilidade cotidiana como tal. As crianças com deficiência devem usar meios de mobilidade, mantendo uma velocidade semelhante à de seus pares, sem esforço ou fadiga. As evidências sustentam que métodos de mobilidade com alto custo de energia podem ter um efeito negativo na aprendizagem e no desempenho escolar (Franks, Palisano, & Darbee, 1991).

Preocupações com ganho de peso e perda de função devem ser tratadas como um meio de

saúde e boa forma e não como uma alternativa à mobilidade adequada e eficiente dentro

seu ambiente (Verschuren et al, 2016).


Quem pode se beneficiar da mobilidade motorizada na população pediátrica?


Existem diagnósticos listados de acordo com condições mais comuns:


Crianças com PC em Níveis IV e V do GMFCS;

Crianças com atrofia muscular espinhal tipo I e II ou congênita;

Crianças com lesões medulares de alto nível;

Crianças nascidas com osteogênese imperfeita tipos II, III e VIII que não têm capacidade motora de andar ou se autopropulsar devido a múltiplas fraturas ósseas, levando a distorções ortopédicas, atrofia muscular e alto risco de novas fraturas;

Crianças com artrite reumatóide juvenil, problemas cardíacos e outras condições médicas

que apresentam mobilidade ineficiente, dependendo do desenvolvimento de sua condição de saúde e tratamento.


Quando as crianças devem começar a usar cadeira de rodas motorizada?


Quando as deficiências de mobilidade levam a lacunas na participação entre uma criança, seus pares e sua família, deve-se considerar a cadeira motorizada. A introdução da cadeira motorizada para alguns terapeutas concentra-se em critérios baseados na idade, enquanto outros acreditam que a idade cronológica não é o melhor indicador da capacidade e que um conjunto de habilidades podem indicar prontidão. Segundo RESNA, existem diversos estudos que comprovam a capacidade de adquirir habilidades de direção com um grande número de sessões de treinamento, com idades variadas, desde os 11 meses de vida.


Desafios no uso da mobilidade motorizada com crianças:


Vários desafios ou barreiras limitam o uso da cadeira de rodas motorizada com crianças. Esses incluem acessibilidade, financiamento, percepções e disponibilidade de dispositivos inovadores (Livingstone & Field, 2015). Dispositivos de mobilidade motorizados disponíveis comercialmente, mesmo aqueles comercializados para crianças, são tipicamente grandes e pesados, exigindo acomodações caras na rotina. Se faz necessária a inovação nas indústrias para equipamentos pequenos, leves, adequados para crianças e para uso em vários ambientes, possibilitando o transporte em veículos populares (Feldner, Logan & Galloway, 2016), transcendendo barreiras arquitetônicas e de transporte inerentes aos designs de hoje.


Quando a mobilidade em CRM é acessível na própria casa, as crianças ainda são impedidas de usar seus dispositivos nas casas de amigos e familiares, bem como em muitos lugares da comunidade.


Além disso, os fabricantes precisam aumentar o leque de opções de dispositivos disponíveis para a população pediátrica. Estes devem incluir baixo custo.


“É posição da RESNA que a utilização precoce de CRM para crianças com limitações de mobilidade aumenta a independência, melhora o desenvolvimento em várias áreas e permite que as crianças se tornem membros produtivos e integrados da sociedade. Idealmente, a mobilidade deve ser fácil e proporcionar às crianças a oportunidade de atender e cumprir todas as tarefas diárias, tarefas normalmente esperadas de seus pares não deficientes. Sem mobilidade eficiente e independente, as crianças podem desenvolver comportamento passivo e experimentar atrasos nos domínios físico e cognitivo.”


Poucas medidas de resultados de participação atualmente disponíveis, são específicas para crianças que utilizam CRM (Field, Miller, Ryan, Jarus & Abundo, 2015). Esta é uma área de pesquisa atualmente em desenvolvimento (Field, Miller, Jarus, Ryan & Roxborough, 2015). Devido a isso, mais estudos são necessários para continuar a apoiar a avaliação ideal da mobilidade motorizada, treinamento e benefícios.


Fonte: RESNA Position on the Application of Power Mobility Devices for Pediatric Users-Update 2017


Imagem: https://www.ottobock-export.com/en/human-mobility/kids/medical-devices-for-children/skippi/ Texto escrito por: Letícia Vitarelli (Estudante do 7º período de Terapia Ocupacional)

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